Tempestade de Citocinas



Tempestade de Citocinas

- Todos os brasileiros deveriam vacinar-se? -

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Se vc desconhecia a expressão acima, saiba que em torno de 84 milhões de pessoas, no nosso país, talvez não se vacinem... por força legal.

Para melhor entender os transtornos emocionais, e mesmo jurídicos que tal assunto nos traz, recorramos à história.

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Nos encontramos no ano de 1904, na capital da República dos Estados Unidos do Brasil.

Funcionários de saúde pública (protegidos por policiais) invadem as casas das pessoas, utilizando a força para vacinar as famílias. Parte da população resiste à bala. Bondinhos são derrubados, edifícios depredados e o centro do Rio de Janeiro vira uma praça de guerra.

Estamos diante de um levante popular, denominado pelos historiadores como: "Revolta da Vacina".

Oswaldo Cruz, nosso maior sanitarista, premiado mundialmente, decide erradicar doenças como varíola; motivo da revolta, febre amarela e peste bubônica (a 1a. por vírus, a 2a. por mosquito, a 3a. por ratos).

O povo, rebelado, não estava apenas insatisfeito por um "líquido estranho e mal explicado" adentrar o seu corpo. Havia um motivo adicional; o Prefeito da capital, Eng. Pereira Passos, decidiu modernar a cidade aos moldes franceses de arquitetura e urbanismo: alargando ruas, criando avenidas; destruindo cortiços e removendo a população pobre de suas moradias (no famoso "Bota-Abaixo"), ancorado por um empréstimo inglês de 8,5 milhões de libras esterlinas.

Oportunistas (Florianistas; idólatras de Floriano Peixoto e Positivistas; amantes das ideias criadas pelos Augusto Comte e John Stuart Mill) aproveitam-se do momento  para tentar um golpe de estado, porém infrutífero.

O 'barulho' é tão intenso que um estado de sítio é proclamado e a vacina... tornada opcional.

No Brasil de 2020, inexiste "Revolta Popular" e, sim, correntes que se contrapõem à obrigatoriedade vacinal para a Covid-19.

Em princípio, num primeiro momento para alguns, seria um absurdo torna-la voluntária. Mas é de extrema importância compreender os motivos alegados pelos defensores da opcionalidade (não abordarei, aqui, a infelicidade ou provável ignorância, de transformar tal discussão sob a ótica meramente política de alguns poucos. Entendo não merecer crédito posições que desconhecem princípios científicos e questões sociais, ao defenderem suas ideologias sem qualquer reflexão plausível de raciocínio. Dito isto, sigamos!).

Os legítimos defensores da não obrigatoriedade, entendem que nenhuma vacina produzida em larga escala antes de 5 anos de sua criação é capaz de possuir segurança confiável, independente da garantia de eficácia aos seus objetivos (esta sim, perfeitamente comprovável).

Segundo eles, pela tradição vacinal, reações adversas apenas são observáveis após muitos anos de testes, antes da imunização em massa, principalmente naquelas sob mutações genéticas.

Um importante e considerado respeitável artigo, originalmente publicado no New York Times, corrobora tal visão ao defender que as etapas de segurança deveriam ser mantidas, mesmo representando uma demora para a imunização chegar ao mercado.

Por sua vez, os defensores da obrigatoriedade alegam que o bem coletivo encontra-se, por natureza analítica e social, acima dos interesses e visões existenciais. Dentro de tal premissa, os riscos devem e podem ser admitidos.

Considerando as legitimidades 'técnicas' das partes antagônicas, a questão 'judicializou-se'. Em breve, o STF decidirá sobre o assunto, com clara tendência da obrigatoriedade ser aprovada por unanimidade, segundo analistas daquela instituição.

Sendo este o caso, ficamos diante de um novo problema: o que legalmente determinar para aqueles que já tiveram a Covid-19?

Definitivamente, algumas questões não parecem óbvias, na vida.

Renomados especialistas como o Dr. Antony Wong, receiam que vacinar pessoas com anticorpos poderia gerar uma "Tempestade de Citocinas" (ou Hipercitokinesia). Uma verdadeira tempestade inflamatória, causada por uma reação exagerada no sistema imunológico dos indivíduos.

Tecnicamente, uma reação descontrolada num organismo vivo, onde células imunológicas são ativadas em um único lugar, numa tentativa colossal de debelar um 'invasor' não tão importante para colocar-se todo o exército nacional protegendo apenas uma esquina, numa metrópole. Mas, ao invés de protege-la, pode destrui-la.

(aliás, um celebrado artigo dos pesquisadores Qing Ye, Md; Bili Wang, Ms; e Jianhua Mao, Md, no referencial Journal of Infection, sugere que o Coronavirus provoca "Tempestade de Citocinas"; explicando, assim, reações graves e sintomas leves. Hoje, parte do mundo científico se debruça sobre este estudo).

Algo paradoxal ao senso comum, ao admitir que um sistema imunológico saudável, torna-se deficiente pela sua própria fortaleza... excessiva.

Os defensores da não vacinação em pessoas com anticorpos citam as perguntas feitas pelos médicos em um simples pré natal, quando as vacinas prescritas são apenas aquelas para as doenças não adquiridas pela futura parturiente, ao longo da sua existência.

Independente da questão reativa do próprio organismo, um dado considerado cabal para não vacinar quem já teve a Covid-19 é de ordem matemática. Até out/20, ocorreram apenas 5 casos comprovados de ré-contaminação em todo o mundo, significando o inexpressivo 0,0000002% (mesmo com mais de 500 cepas do vírus catalogadas). 

Portanto, uma recidiva situa-se no patamar 99,9999998% de... não ocorrência (!!!!!!).

Por coincidência, enquanto este artigo estava sendo escrito, a Nature Medicine, o Inst. de Imunologia La Jolla/EUA, assim como a plataforma BIOxin, publicaram estudos recentes, de pesquisadores diferentes, onde sugerem que os já infectados pela Covid-19, guardam memória imunológica por muitos meses, podendo ser anos, em função das Células T.

No Brasil, temos 6 milhões de casos oficiais. Pesquisadores inúmeros, entre eles os responsáveis pelo prestigioso site "Covid-19 Brasil", consideram que os casos em sub notificações são 14 x superiores aos oficiais, nos conduzindo a 84 milhões de brasileiros já contaminados. Portanto, segundo estudos divulgados em nov/20, 84 milhões de pessoas, não necessitariam vacinar-se agora.... O problema é saber quem são.

Como podemos verificar, o incógnito continua a nos rodeiar como um fantasma em filme de terror.

Apesar de cada Ministro da nossa Suprema Corte possuir mais de 100 benefícios assistenciais (de creche a vinhos premiados) e 222 funcionários 'particulares' (segundo o folclórico, mas tão esperto quanto antenado, Deputado Kajuru/SP), confesso que eu não gostaria de ser um deles neste momento onde discutirão e decidirão sobre tantas vertentes contrárias, complexas e, às vezes, incompreensíveis a meros homens defensores do direito norteador de vidas humanas, mas sem conhecimento científico, 

onde até mesmo a ciência anda dividindo seus pares, em todo o planeta.

Com sinceridade, espero que alguns deles não durmam à noite de preocupação.

Definitivamente a falta de sono, determinará um sinal de responsabilidade ao povo brasileiro, até para não repetirmos o caos de 1904.

Paulo Portela

CEO da Medikus Sistemas de Saúde e fundador do Base Social (apoio emocional a trabalhadores)

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1 Comentários

  1. Para mim , ainda é cedo para termos conclusões catastróficas, porém creio que em breve teremos melhores ações em relação às medidas a serem tomadas.

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