Hoje no Ponto
Esperava o ônibus como fazia todos os dias às seis da tarde. Um tanto cansado e com sono, mas com o pensamento no colégio.
O ponto estava cheio de gente ansiosa para chegar em casa, e demonstravam isso mergulhando no próximo veículo lotado. Dentro da lotação, via-se uma salada de pessoas regada a suor. Rostos sérios e pensativos, mas... Olha aquele ali no meio!... Sou eu!... Eu?!... Ué, será que tenho um sósia? No entanto, ao lado dele: Eu! E outro Eu... Ali todos são eu!!!
Viro o rosto, estou sonhando, e me vejo circundado por tantos eu: Do meu lado, do outro lado da rua, até onde a vista alcança! Pego o lenço e fecho os olhos para enxugar a face vermelha...
Agora já são onze da noite. Bocejo apagando a luz. Deito-me e no escuro penso: "Quanto mais tento ser diferente, continuo sendo tão igual às pessoas!"
Fecho os olhos me ajeitando na cama. Afinal, amanhã às cinco e trinta, acordo para mais um dia de trabalho.
Bira (maio de 1978).
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