Histórias da Infância I: Irajá
Nasci no bairro do Lins, às onze e quinze, de 21/07/59. Dias depois desembarquei para assumir papel de príncipe em uma em uma casa de Irajá.
Meia dúzia de anos passaram, para eu começar a explorar o bairro, também em formação. Era tranquilo transitar em suas ruas, tão descalças quanto eu. Mas eu nem sei dizer se pisava mais no chão do que vivia pendurado em árvores.
Eu não tinha medo de colher a manga mais doce do galho mais alto, onde o sol batia pintando os frutos de vermelho e amarelo. Também não tinha peso suficiente para quebrar o galho fraco do cajazeiro, então disputava com os pássaros seus melhores frutos.
Irajá era um pomar. Frutas escapavam sobre as cercas e se ofereciam, promíscuas, a quem passasse na calçada. No entanto, as mais cobiçadas se escondiam nos quintal de cada casa e isso não era justo!... Para um bando de moleques sorrateiros e travessos, feito eu, era preciso fazer Justiça! Então esperávamos a vizinha dormir, depois do almoço, e passávamos para dentro do terreno pelo buraco da cerca. Sem assustar o galinheiro enchíamos as mãos de goiabas... Depois sentávamos num meio-fio, além da esquina, com as bocas cheias de polpa e de histórias engraçadas.
Éramos as crianças dos Anos 60, crias de ruas tranquilas e artesãos de suas próprias histórias!
(Da série: Mês da Criança)
Abraços,
Bira.
(Postagem de WhatsApp, sem revisão de possíveis erros)
Confira no blog: www.cronistasdewhatsapp.blogspot.com
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